quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Topografia cerebral

      Parece inusitado pensar na relação entre topografia (aquela feita em campo pelos topógrafos) e topografia cerebral, ou mapa cerebral. Para falar sobre este tema aos leitores deste blog, trago como referência a história do médico e anatomista vienense Franz Joseph Gall, o principal precursor da abordagem localizacionista do cérebro conhecida como frenologia. É uma teoria que estabelece relações na determinação do caráter, características da personalidade e grau de criminalidade e a forma da cabeça, por meio de observações cuidadosas e medidas experimentais extensas nas protuberâncias do crânio. Em seu livro "A anatomia e a fisiologia do sistema nervoso em geral", ele identificou que o tecido cerebral era formado por 37 áreas com funções diferentes, onde estariam localizadas as faculdades intelectuais e os comportamentos emocionais. O principal resultado dessa teoria foi uma espécie de "gráfico do crânio", mapeado através das regiões onde as protusões e depressões relacionadas às 37 faculdades poderiam ser palpadas , medidas e diagnosticadas.

 Mapa topográfico de Gall. Retirado de http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenmap_port.htm

       Apesar de ser sido considerada uma pseudociência, a topografia cerebral foi utilizada durante algum tempo. Exemplo disso foi o de Herbert Spencer, psicólogo norte-americano e adepto da frenologia na juventude, que inventou um aparelho para dar maior precisão às medidas do crânio, ao qual denominou de cefalômetro.


 
      Uma das teorias sucessoras da frenologia foi a craniologia, que utilizou medidas quantitativas precisas de características cranianas com o objetivo de classificar pessoas de acordo com a raça, temperamento criminal, inteligência, etc. Durante a era vitoriana, no Reino Unido, a craniologia teve grande influência, sendo usada para justificar o racismo, a colonização e o domínio britânico sobra as "raças inferiores", tais como os irlandeses e tribos negras em países da África.
      O fim da frenologia ocorreu em meados do século XIX, quando foi atacada pela ciência oficial e comparada a outras formas de charlatanismo. Dessa forma, a comunidade científica da época não pôde corroborar a teoria de Gall com achados concretos.

Escrito por Cláudia Helena Cerqueira Mármora. Professora da Faculdade de Fisioterapia e do Programa de Mestrado em Psicologia da UFJF. Estudiosa e pesquisadora na área de Neurociências.  


Como prometi anteriormente, estou publicando mais um artigo muito especial, de uma convidada que me deixa muito orgulhoso por sua trajetória e por seu trabalho, minha querida esposa Cláudia.

                                                                                                                                        Antônio Eduardo 




Um comentário: