terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Astrolábio



      Hoje pretendo iniciar uma série de artigos sobre a cartografia e o seu desenvolvimento através da história. Preciso ressaltar que não sou grande entendedor do assunto, mas o tenho estudado muito por conta de sua estreita ligação com a topografia. Também não tenho a intenção de seguir uma rigorosa cronologia histórica, mas sim trazer fatos que se interliguem e nos ajudem a construir um estudo permanente sobre o tema.    
      Vou começar falando do Astrolábio, que é um antigo instrumento usado para medir a altura dos astros acima do horizonte. Também era utilizado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou de uma montanha.


 É composto por uma peça circular chamada madre, onde se coloca um disco com uma projeção da esfera celeste no plano equatorial, havendo vários discos para várias latitudes. Por cima desse disco move-se a chamada aranha, que aponta com pequenos bicos artisticamente desenhados para a posição das estrelas de maior grandeza. Escritos antigos apontam para o surgimento do astrolábio como resultado prático de várias teorias matemáticas desenvolvidas por estudiosos antigos. Dentre eles se destaca Hiparco de Nicéia, que definiu a teoria das projeções e a aplicou a problemas astronômicos. Ptolomeu  em seu trabalho Planisferium escreve passagens que sugerem que ele possuía um invento semelhante. Theon de Alexandria em cerca de 390 DC escreveu um tratado dedicado ao astrolábio, o qual foi a base de muitos escritos sobre o assunto na idade média. Sua filha, Hipátia de Alexandria e um de seus discípulos, Synesius de Cirene, provavelmente utilizaram um invento de características semelhantes.
      O astrolábio foi introduzido no mundo islâmico nos séculos VIII e IX, através de traduções dos textos gregos. Foi desenvolvido inteiramente durante os primeiros séculos do Islam. Era um instrumento muito valioso para os islâmicos devido à sua capacidade de determinar as horas do dia, portanto, a hora de oração, e também auxiliava na determinação da direção para Meca. Vale ressaltar que a astronomia e a matemática eram elementos  intrínsecos da cultura islâmica. Quando os árabes chegaram à Península Ibérica trouxeram consigo o já desenvolvido astrolábio planisférico, um instrumento muito sofisticado, um autêntico computador analógico que exigia um grande rigor e cálculos complexos para a sua construção. A partir disso foi introduzido na cultura européia, sendo amplamente utilizado pelo continente nos séculos XV e XVI, onde foi adaptado para a navegação, com o desenvolvimento do astrolábio náutico de metal, pelo astrônomo Abraão Zacuto, em Lisboa. 
      O astrolábio náutico é constituído por um aro graduado, com um eixo no centro, seguro por uma armação em cruz, e uma mira ou alidade, chamada de medeclina, que roda nesse eixo. Trata-se de um instrumento mais pesado, mais robusto e bem mais simples  que o astrolábio planisférico. Não oferece grande resistência ao vento e se mantém mais facilmente na vertical, mesmo nas difíceis condições de navegação em alto mar.


      Sem este magnífico invento, cujo princípio se baseia puramente na trigonometria, as viagens das Grandes Descobertas não teriam sido possíveis, muito menos o desenvolvimento de outros instrumentos de extrema importância como o sextante e o teodolito.  

                                                                                                                         Antônio Eduardo
                                                                                                                                      

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