domingo, 28 de outubro de 2012

Pousada Flores de Minas



            Há alguns meses fui fazer o levantamento da área e perímetro da propriedade onde se situa essa bela pousada, no município de Santa Bárbara, a 100km de Belo Horizonte. É um sítio de 33.000 m², com um pequeno riacho, bastante área verde e rodeado pelas belas montanhas das imediações da Serra do Caraça. Esse sítio e pousada foram adquiridos recentemente pelo meu irmão Sergio Bráz, que muito tem trabalhado para fazer da pousada um primor de estabelecimento, condizente com a beleza do lugar onde se encontra. Digo isso porque ao comprar a pousada, que não estava em pleno funcionamento, meu irmão teve muitas surpresas no que se refere à estrutura do lugar. Pequenas coisas que não funcionavam, alguns detalhes descuidados e etc. Aos poucos tudo está mudando por lá. Ao se hospedar você encontrará um belo recanto verde, com pássaros, silêncio, um gostoso e muito bem servido café da manhã, roupas de cama e banho novas e cheirosas, piscina bem cuidada, tudo isso junto com a boa hospitalidade mineira oferecida pelo Sergio, sua esposa Jânia e suas queridas filhas Mariana e Paulinha.
            Poderá experimentar também a saborosa cerveja artesanal “Albatroz” fabricada no local pelo Sergio. Tudo isso a apenas alguns quilômetros do Parque Natural do Caraça e suas belezas naturais e o histórico e famoso Santuário, onde os lobos guarás circulam livremente e podem ser vistos pelos visitantes com certa facilidade.

            Agora falando de topografia, foi uma experiência e tanto realizar o serviço. Fui auxiliado pelo meu outro irmão Ronaldo, também profissional de topografia e autor do post “Sobre locação de sapatas”, publicado neste blog. O trabalho exigiu uma poligonal grande, com 12 mudanças de estação, pois não haviam lugares altos o bastante onde pudéssemos dominar grandes áreas da propriedade. Tivemos que subir e descer morros, abrir picadas para entrar no mato e obtermos melhores visadas, atravessar o riacho, pular cercas, etc.  Depois de alguns tombos, muito sol na cabeça e alguns carrapatos conseguimos finalizar o trabalho com um dia e meio. O resultado foi muito bom. À noite relaxamos e matamos a saudade com muito bate papo regado a "Albatroz".
            O cansaço não me impediu de perceber o quanto feliz eu estava. Ali, no meio dos pássaros, das árvores, da natureza eu refleti e me certifiquei que o caminho escolhido ( a topografia ) foi acertado. Ele está mudando a minha vida.          
                       
                                                                                                                                         Antônio Eduardo

http://www.pousadafloresdeminas.com.br/

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Topografia cerebral

      Parece inusitado pensar na relação entre topografia (aquela feita em campo pelos topógrafos) e topografia cerebral, ou mapa cerebral. Para falar sobre este tema aos leitores deste blog, trago como referência a história do médico e anatomista vienense Franz Joseph Gall, o principal precursor da abordagem localizacionista do cérebro conhecida como frenologia. É uma teoria que estabelece relações na determinação do caráter, características da personalidade e grau de criminalidade e a forma da cabeça, por meio de observações cuidadosas e medidas experimentais extensas nas protuberâncias do crânio. Em seu livro "A anatomia e a fisiologia do sistema nervoso em geral", ele identificou que o tecido cerebral era formado por 37 áreas com funções diferentes, onde estariam localizadas as faculdades intelectuais e os comportamentos emocionais. O principal resultado dessa teoria foi uma espécie de "gráfico do crânio", mapeado através das regiões onde as protusões e depressões relacionadas às 37 faculdades poderiam ser palpadas , medidas e diagnosticadas.

 Mapa topográfico de Gall. Retirado de http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenmap_port.htm

       Apesar de ser sido considerada uma pseudociência, a topografia cerebral foi utilizada durante algum tempo. Exemplo disso foi o de Herbert Spencer, psicólogo norte-americano e adepto da frenologia na juventude, que inventou um aparelho para dar maior precisão às medidas do crânio, ao qual denominou de cefalômetro.


 
      Uma das teorias sucessoras da frenologia foi a craniologia, que utilizou medidas quantitativas precisas de características cranianas com o objetivo de classificar pessoas de acordo com a raça, temperamento criminal, inteligência, etc. Durante a era vitoriana, no Reino Unido, a craniologia teve grande influência, sendo usada para justificar o racismo, a colonização e o domínio britânico sobra as "raças inferiores", tais como os irlandeses e tribos negras em países da África.
      O fim da frenologia ocorreu em meados do século XIX, quando foi atacada pela ciência oficial e comparada a outras formas de charlatanismo. Dessa forma, a comunidade científica da época não pôde corroborar a teoria de Gall com achados concretos.

Escrito por Cláudia Helena Cerqueira Mármora. Professora da Faculdade de Fisioterapia e do Programa de Mestrado em Psicologia da UFJF. Estudiosa e pesquisadora na área de Neurociências.  


Como prometi anteriormente, estou publicando mais um artigo muito especial, de uma convidada que me deixa muito orgulhoso por sua trajetória e por seu trabalho, minha querida esposa Cláudia.

                                                                                                                                        Antônio Eduardo 




terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Astrolábio



      Hoje pretendo iniciar uma série de artigos sobre a cartografia e o seu desenvolvimento através da história. Preciso ressaltar que não sou grande entendedor do assunto, mas o tenho estudado muito por conta de sua estreita ligação com a topografia. Também não tenho a intenção de seguir uma rigorosa cronologia histórica, mas sim trazer fatos que se interliguem e nos ajudem a construir um estudo permanente sobre o tema.    
      Vou começar falando do Astrolábio, que é um antigo instrumento usado para medir a altura dos astros acima do horizonte. Também era utilizado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou de uma montanha.


 É composto por uma peça circular chamada madre, onde se coloca um disco com uma projeção da esfera celeste no plano equatorial, havendo vários discos para várias latitudes. Por cima desse disco move-se a chamada aranha, que aponta com pequenos bicos artisticamente desenhados para a posição das estrelas de maior grandeza. Escritos antigos apontam para o surgimento do astrolábio como resultado prático de várias teorias matemáticas desenvolvidas por estudiosos antigos. Dentre eles se destaca Hiparco de Nicéia, que definiu a teoria das projeções e a aplicou a problemas astronômicos. Ptolomeu  em seu trabalho Planisferium escreve passagens que sugerem que ele possuía um invento semelhante. Theon de Alexandria em cerca de 390 DC escreveu um tratado dedicado ao astrolábio, o qual foi a base de muitos escritos sobre o assunto na idade média. Sua filha, Hipátia de Alexandria e um de seus discípulos, Synesius de Cirene, provavelmente utilizaram um invento de características semelhantes.
      O astrolábio foi introduzido no mundo islâmico nos séculos VIII e IX, através de traduções dos textos gregos. Foi desenvolvido inteiramente durante os primeiros séculos do Islam. Era um instrumento muito valioso para os islâmicos devido à sua capacidade de determinar as horas do dia, portanto, a hora de oração, e também auxiliava na determinação da direção para Meca. Vale ressaltar que a astronomia e a matemática eram elementos  intrínsecos da cultura islâmica. Quando os árabes chegaram à Península Ibérica trouxeram consigo o já desenvolvido astrolábio planisférico, um instrumento muito sofisticado, um autêntico computador analógico que exigia um grande rigor e cálculos complexos para a sua construção. A partir disso foi introduzido na cultura européia, sendo amplamente utilizado pelo continente nos séculos XV e XVI, onde foi adaptado para a navegação, com o desenvolvimento do astrolábio náutico de metal, pelo astrônomo Abraão Zacuto, em Lisboa. 
      O astrolábio náutico é constituído por um aro graduado, com um eixo no centro, seguro por uma armação em cruz, e uma mira ou alidade, chamada de medeclina, que roda nesse eixo. Trata-se de um instrumento mais pesado, mais robusto e bem mais simples  que o astrolábio planisférico. Não oferece grande resistência ao vento e se mantém mais facilmente na vertical, mesmo nas difíceis condições de navegação em alto mar.


      Sem este magnífico invento, cujo princípio se baseia puramente na trigonometria, as viagens das Grandes Descobertas não teriam sido possíveis, muito menos o desenvolvimento de outros instrumentos de extrema importância como o sextante e o teodolito.  

                                                                                                                         Antônio Eduardo
                                                                                                                                      

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Everest - A maior montanha do mundo



     
       Em 1808, o Instituto Topográfico da Índia, encravado nas montanhas de Dehra Dun, a 140 km de Nova Delhi, deu início ao difícil projeto de mapear todo o subcontinente indiano. Um dos objetivos era descobrir se o Himalaia, como os britânicos já suspeitavam há muito tempo, abrigava mesmo a mais alta montanha do mundo.
     Na época, esta região era apenas um desconhecido território separando as ambições imperialistas da Grã-Bretanha ao sul, e da Rússia dos czares, ao norte. Desbravá-lo, portanto, passou a ser uma das questões políticas mais importantes do mundo no século XIX.
       Para chefiar o Instituto, foi nomeado o coronel George Everest. Ele chegou ao país em 1823, comandando o Instituto até 1843, realizando um grande trabalho político e cartográfico. Em 1847, o coronel Andrew Waugh foi nomeado superintendente-geral do Instituto, dando novo impulso ao trabalho iniciado por George Everest. 
       Até a metade do século XIX, pensava-se que o Kanchenjunga, no Sikkim, com cerca de 8.534 metros, fosse o pico mais alto do Himalaia. Mas a curiosidade de Andrew Waugh foi despertada por outra montanha, conhecida nos meios topográficos como pico B. Ela parecia ser ainda mais alta do que o Kanchenjunga. O superintendente convenceu seus oficiais a mudarem o local de observação e se dedicarem com mais atenção ao pico B, agora renomeado Pico XV pelo topógrafo Michael Hennessy.
     Em 1852, cálculos publicados pelo Instituto confirmaram as suspeitas de Andrew Waugh: existia uma estranha montanha, na fronteira do Nepal com o Tibete, mais alta do que todas até então conhecidas.
       Partindo dos levantamentos feitos três anos antes por topógrafos ingleses, que haviam medido pela primeira vez o ângulo de elevação do tal Pico XV, com um teodolito de 60 centímetros, o matemático bengalês Radhanath Sikhdar e seu jovem assistente Michael Hennessy, funcionário do escritório do Instituto em Calcutá, chegaram à conclusão de que ela media 8.839,80 metros acima do nível do mar. Tinha 257 metros mais do que o Kanchenjunga, sendo, portanto, o ponto mais alto do planeta.
      Em 1950, medições feitas no Nepal, usando laser e transmissões via satélite com tecnologia de ponta e efeito Doppler, determinaram uma nova altitude para o Everest: 8.848 metros. Portanto, apenas 8 metros mais alto do que a medição feita um século antes. Mas não era tudo. No dia 5 de maio de 1999, uma equipe de alpinistas liderada pelo americano Pete Athans chegou ao cume do Everest para mais uma medição. Ele acionou dois receptores do sistema GPS, e as informações registradas foram analisadas pelos técnicos do Departamento de Ciências Aeronáuticas da Universidade do Colorado, em Boulder. Os especialistas, de posse dos novos dados, determinaram a nova, e segundo eles, exata altitude do Everest: 8.850 metros. Portanto, 2 metros a mais do que se pensava nos últimos cinqüenta anos.


Texto publicado por Airton Ortiz em 18/05/2010 no site 360Graus.com.br