quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pousada Flores de Minas ( 2 )



      Este é o segundo artigo que escrevo sobre a Pousada Flores de Minas, que fica na estrada do Caraça, distrito de Brumal, município de Santa Bárbara- MG. Como já disse no artigo anterior, a pousada é propriedade do meu irmão Sergio Braz e sua esposa Jânia, que agora estão morando definitivamente no local. Além de gostar muito de ir para lá visitá-los e curtir a natureza do lugar, desta vez tive dois outros motivos para voltar. Terminar o levantamento topográfico iniciado e fazer junto com o Sérgio uma leva da boa cerveja artesanal “Albatroz”.
      Quando comecei o trabalho de topografia do sítio onde se encontra a pousada, levantei apenas as divisas para conferência dos limites, área e perímetro, gerando um arquivo bastante simples, que era a demanda do Sergio naquele momento. Já era um desejo meu entregá-lo um levantamento completo, e isso veio de encontro com a sua necessidade de georreferenciar o imóvel para registro em cartório e junto ao IEF (Instituto Estadual de Florestas). Foram mais dois dias de trabalho de campo para levantarmos todas as edificações da pousada, como sede, chalés, apartamentos, quiosques,etc. Também foram registrados os jardins, caminhos internos, piscinas e todas as instalações rurais existentes na propriedade, bem como o rio que a corta, a área de charco, a pequena queda d'água e o lago. Definimos também a área que seria destinada à reserva legal, que é obrigatória para imóveis rurais. Tudo foi feito em um novo arquivo, que posteriormente foi sobreposto ao original. Foram muitas horas gastas no “autocad” para fecharmos a planta, em função de tantos detalhes, entretanto, obtivemos um bom resultado. O georreferenciamento foi feito por outro profissional, que usou o meu levantamento como subsídio, facilitando consideravelmente o seu trabalho.

       Terminada a topografia fomos cuidar da cerveja. O entendedor do assunto é o Sergio, logo, me sobrou o papel de ajudante. Ele é adepto da escola Belga de cervejeiros, que prega uma maior liberdade na fabricação, permitindo adjuntos ao produto, como especiarias, frutas, etc. O convenci a adotar desta vez a lei da pureza alemã, que reza que a cerveja deve conter apenas água, malte e lúpulo. Começamos na véspera moendo 20kg de malte Pilsen, 2kg do tipo Chateau Café Light, 2kg do Chateau Melano 40 e 1kg do Chateau  Arome. Pela manhã começamos a cozinhar o malte para extrair o açúcar e produzir o mosto, que posteriormente irá fermentar e virar cerveja. Foram usados 120 litros de água mineral. Falando assim parece simples, mas é um complicado processo de cozimento dos grãos, que envolve várias fases onde temperatura e tempo são controlados para que sejam liberados apenas os elementos necessários para a elaboração de uma boa cerveja. Quando já não há mais açúcar a retirar dos grãos, inicia-se a filtragem do mosto, depois se adiciona o lúpulo (gameta feminino de uma flor), que é um conservante natural e dá o sabor amargo à cerveja e um tipo apropriado de fermento. Finalmente é preciso baixar a temperatura de 96°c para 25°c em aproximadamente 1 hora. Os 70 litros resultantes do processo ficaram fermentando por 8 dias e maturando por mais 15, para depois ser engarrafado. Tudo é rigorosamente higienizado e desinfetado durante a fabricação e o envase. Assim nasceu a primeira Albatroz do tipo “American Amber Ale” puro malte feita pelos preceitos da escola alemã. Uma cerveja forte, de cor vermelho escuro, bastante encorpada, com notas de café e chocolate amargo. Acreditem, ficou deliciosa.




                                                                                                                                       Antônio Eduardo